Brigas internas, pressões do estrelato, queda de popularidade e a saída de dois membros fundadores. Em 25 anos de carreira, o grupo Sepultura, instituição do thrash metal mundial, sobreviveu a tudo isso e demonstrou fôlego de sobra.
Quem for ao Sesc Santo André hoje 28, às 21h, poderá comprovar não somente o poder de fogo dos músicos, mas a persistência deles em não fixar os olhos no passado. Querem escrever os próximos capítulos de uma saga que começou em 1983, e incluiu passagens pelos mais respeitados palcos do mundo.
Além do repertório do CD Dante XXI, lançado em 2006, eles prometem mostrar uma composição ainda sem título, que deve ser inserida no próximo trabalho do Sepultura. Os fãs também devem esperar por canções emblemáticas da banda, entre elas Roots Bloody Roots e Territory.
LARANJA MECÂNICA
Assim como seu antecessor – inspirado no clássico A Divina Comédia, do escritor renascentista italiano Dante Alighieri –, o novo disco utiliza como referência uma obra literária consagrada: Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.
O livro, que ganhou célebre versão cinematográfica de Stanley Kubrick, narra a história de Alex, um jovem perturbado que lidera uma gangue de delinqüentes. Preso, o rapaz é usado em um experimento que pretende frear seu impulsos destrutivos.“Desde moleques, lidamos com a violência e o filme provoca uma discussão muito pertinente de como a gente se coloca na sociedade. Estamos muito perto do caos total que o Burgess descreveu no livro, com muitas gangues e um governo que não manda nada”, explica o guitarrista Andreas Kisser.
Segundo ele, o álbum está em fase de pré-produção e o grupo já conta com cerca de 20 temas. Falta adaptar as letras às melodias do disco, que deve chegar ao mercado em outubro deste ano. Sobre a sonoridade das faixas, o guitarrista antecipou apenas que ela foi influenciada pela agressividade presente no conceito de Laranja Mecânica.
RELACIONAMENTO
O Sepultura não dá sinais de ter sentido o golpe de sua mais recente perda, o baterista Iggor Cavalera, que abdicou do posto em 2006. O lugar do instrumentista – que atualmente se dedica ao projeto Cavalera Conspiracy, ao lado do irmão e primeiro vocalista do Sepultura, Max – foi ocupado pelo virtuoso Jean Dolabella.
Sobram elogios para o mais novo integrante, que divide a responsabilidade pela ‘cozinha’ rítmica e melódica do grupo com o baixista Paulo Júnior. “É um dos melhores bateristas com quem já toquei na vida. Além de ter uma técnica apurada na bateria, toca vários instrumentos”, define Kisser.
Substituto de Max desde 1997, o simpático norte-americano Derrick Green ressalta as virtudes de Jean e a atual fase do Sepultura. “Estamos muito bem com o Jean. Depois de tantos shows, ficamos mais entrosados e escrevemos as músicas facilmente.”
O baterista não esconde a satisfação. “Sempre fui muito fã deles. Quando tinha uns 11, 12 anos, comprei o Beneath the Remains e ficava tirando as músicas no meu quarto. É muito bom tocar com eles, porque têm experiência.”
SEM RESSENTIMENTOS
Sobre o Cavalera Conspiracy, que lança mundialmente seu disco de estréia, Inflikted, no próximo dia 24, os membros do Sepultura falam de maneira franca e sem ressentimentos. “Eles (Max e Iggor) começaram tocando juntos e seria natural que um dia fizessem um projeto desse tipo”, comenta Green, em tom amistoso.
Kisser diz que não guarda mágoa, mas não gostou das composições dos antigos parceiros. “Escutei uma ou duas músicas e esperava um pouco mais. Parece uma coisa muito corrida, feita em cima da hora”, opina o guitarrista, que deve lançar disco solo em setembro. Ele também negocia com emissoras de TV para apresentar um programa sobre a história do rock.
quinta-feira, 27 de março de 2008
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2 comentários:
Acho que o Igor esperou a hora de sair. Agora ele pode tocar om o irmão sem esperar reconhecimento ou sem precisar ralar. Só por diversão.
Até porque o Max não rendeu tanto fora do sepultura. Deve ter sido a cabeleira. Ele era muito melhor quando mantinha a juba à la Farah Fawcett.
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